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As Boas Mulheres da China é escrito pela jornalista Xinran que nasceu em Pequim, em 1958. Trabalhou em Nanquim até 1997, quando a impossibilidade de publicar na China o seu relato fez com que se mudasse para Londres com seu filho. Na época em que esse livro foi escrito lecionava na School of Oriental and African Studies da Universidade de Londres. As boas mulheres da China é seu primeiro livro.
Percebo três pontos fortes no livro: é uma narrativa sensível e humanista, tem uma diversidade de relatos e quebra um pouco estereótipos. A autora aborda os temas de maneira muito sensível e isso permite ao leitor se conectar profundamente com as histórias. Xinran mostra a nós leitores uma variedade de experiências e com isso uma visão abrangente das dificuldades enfrentadas pelas mulheres Chinesas de diferentes idade e condição social. O livro desafia estereótipos e preconceitos apresentando uma visão autêntica e sem filtros da vida dessas mulheres.
Percebo dois pontos fracos: O conteúdo é muito doloroso e senti falta das mudanças positivas e histórias de sucesso. As histórias são extremamente tristes e podem ser emocionalmente desgastante para algumas pessoas. Eu li esse livro ao longo de um tempo, parei, voltei e parei algumas vezes. Até terminar não foi simples. A autora traz o foco para as dificuldades das mulheres o que é de extrema importância, porém acredito que as histórias de superação e de mudanças positivas também seriam interessantes.
Contracapa: Entre 1989 e 1997, a jornalista Xinran entrevistou mulheres de diferentes idades e condições sociais, numa tentativa de compreender a condição feminina na China moderna. As experiências contadas aqui revelam vidas marcadas pelo abandono, pela violência e pela opressão. São histórias como as de Hongxue, que descobriu o afeto ao ser acariciada não por mãos humanas, mas pelas patas de uma mosca; de Hua'er, violentada em nome da "reeducação" promovida pela Revolução Cultural; ou ainda da meninas que perdeu a razão em consequência de uma humilhação intensa.
Nesses relatos, a autora - ela mesma marcada pelo desamparo e pela discriminação - faz com que vozes antes silenciadas revelem provações, medos, esperança e uma capacidade de resistência que lhe permitiu se reerguer e sonhar em meio ao sofrimento extremo.
Orelha do livro: Durante os oito anos em que apresentou o programa de rádio Palavras na brisa noturna, a jornalista Xinran se propôs a discutir questões femininas sobre as quais pouca gente ousava falar. O peso de tradições antigas e as décadas de totalitarismo político e repressão sexual tornavam muito difícil o acesso à intimidade da mulher chinesa.
De forma cautelosa, paciente e compreensiva, Xinran colheu relatos em que predomina a memória da opressão e do abandono: casamentos forçados, desilusões amorosas, ostracismo e violência. Ideias confucianas como a de que "numa mulher, a falta de talento é uma virtude" continuam presentes na imagem que a mulher chinesa tem aos olhos masculinos, e muitas vezes aos seus próprios olhos.
A carência de educação sexual e a repressão às manifestações de afeto fizeram várias dessas mulheres vítimas de estupros, quase sempre acobertados pelo abuso do poder militar; outros foram presas por violar as severas restrições matrimoniais do regime; algumas enlouqueceram em meio a provocações sucessivas. A essas histórias comoventes soma-se a da própria autora, separada dos pais na infância e vítima de humilhações devido a seus antecedentes culturais e econômicos.
Em condições extremas de vida - como a de uma aldeia miserável no meio do deserto chinês ou a dos campos de reeducação da Revolução Cultural -, é muitas vezes de forma rude e árida que afloram sentimentos de maternidade, compaixão e amor. O olhar objetivo de Xinran sabe dar ao tema um tratamento firme e delicado, trazendo à tona as esperanças e os desejos escondidos nessas difíceis vidas secretas.
As histórias contadas no livro são verídicas, mas os nomes foram alterados, a fim de proteger as pessoas envolvidas.
Em chinês, "Xiao", na frente de um sobrenome, significa "jovem". Quando precede o primeiro nome, cria um diminutivo e indica maior proximidade em relação à pessoa com quem se está falando.
Prólogo
Às nove horas de 3 de novembro de 1999, eu estava a caminho de casa, depois de dar uma aula no curso noturno da School of Oriental and African Studies (SOAS) da Universidade de Londres. Ao sair da estação de metrô de Stamford Brook para a escura noite de outono, ouvi um som rápido atrás de mim. Não tive tempo de reagir e alguém me bateu com força na cabeça e me jogou no chão. Instintivamente, segurei firme a bolsa, onde estava a única cópia de um manuscrito que eu acabara de escrever. Mas o meu agressor não se deixou demover.
"Dá a bolsa", gritava sem parar.
Resisti com uma força que não sabia que tinha. No escuro, não conseguia enxergar um rosto. Só estava ciente de que lutava com um par de mãos fortes, mas invisíveis. Tentei me proteger e, ao mesmo tempo, dar-lhe um pontapé no ponto onde achei que ficasse a virilha. Ele chutou de volta e senti uma dor aguda explodindo nas costas e nas pernas, e o gosto salgado de sangue na boca.
Passantes começaram a acorrer aos gritos. Em pouco tempo o homem foi cercado por um grupo enfurecido. Quando me pus de pé, cambaleando, vi que ele tinha mais de um metro e noventa de altura.
Mais tarde a polícia quis saber por que eu tinha arriscado a vida por uma bolsa.
Tremendo e dolorida, expliquei: "É que o meu livro estava dentro dela".
"Um livro?", admirou-se o policial. "Um livro é mais importante do que sua vida?"
Claro que a vida é mais importante do que um livro. Mas, em muitos sentidos, o meu livro era a minha vida. Era o meu depoimento sobre a vida de mulheres chinesas, o resultado de um trabalho de muitos anos como jornalista. Eu sabia que tinha sido imprudente: se tivesse perdido o manuscrito, poderia ter tentado reescrevê-lo. Mas não tinha certeza se seria capaz de enfrentar novamente as emoções extremas provocadas pela redação do livro.
Fora doloroso reviver as histórias das mulheres que eu tinha conhecido, e ainda mais difícil pôr as minhas lembranças em ordem e encontrar uma linguagem para expressá-las. Ao lutar pela bolsa, eu estava defendendo meus sentimentos e os das mulheres chinesas. O livro era o resultado de muitas coisas que, caso se perdessem, jamais poderiam ser reencontradas. Quando alguém mergulha nas próprias próprias recordações, abre uma porta para o passado; a estrada lá dentro tem muitas ramificações e a cada vez o trajeto é diferente.
Sumário
Prólogo
1. Meu percurso rumo às histórias das mulheres chinesas
2. A menina que tinha uma mosca como animal de estimação
3. A universitária
4. A catadora de lixo
5. As mães que sofreram um terremoto
6. No que as chinesas acreditam
7. A mulher que amava mulheres
8. A mulher cujo casamento foi arranjado pela Revolução
9. Minha mãe
10. A mulher que esperou quarenta e cinco anos
11. A filha do general do Kuomintang
12. A infância que não consigo esquecer
13. A mulher cujo pai não a reconhece
14. Uma mulher moderna
15. As mulheres da colina dos Gritos
Epílogo
Agradecimentos
Livro - As Boas Mulheres da China: vozes ocultas
Autora: Xinran
Editora: Companhia das Letras
Número de páginas: 281
ISBN: 85-359-0326-7
Edição: 2003
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