Na contracapa do livro de Washington Olivetto temos: Washington Olivetto é o publicitário que não quis ser apenas um grande publicitário. Resolveu ser um homem de negócios que se transformou num pop star.
Ganhou o primeiro Leão de Ouro do Brasil em Cannes, conquistou todos os prêmios da publicidade mundial, entrou para o Guinness Book of Records, inspirou personagem de novela, virou letra de músicas de sucesso, nome de pratos em restaurantes famosos, selo do correio do seu país, vice-presidente do seu time de futebol, cidadão carioca sendo paulista, commerndatore italiano sendo brasileiro.
Washington Olivetto está no Lifetime Achievement do Clio e foi o primeiro não anglo-saxão a entrar para o Hall of Fame do One Club de Nova York. Neste livro ele conta algumas histórias que ajudam a compreender como o grande publicitário criou o seu melhor personagem: ele próprio.
Minha experiência com a leitura foi: ⭐⭐⭐⭐⭐
Para quem gosta do tema publicidade o relato de Washington Olivetto, diante da própria experiência, é ótimo. Principalmente, porque ele conta muitas histórias da publicidade no Brasil e no Mundo ao longo de algumas décadas. Em sua maior parte o livro é fluído e de escrita bem humorada! Leitura leve e fluída.
Quem escreveu a orelha do livro foi Luis Fernando Silva Pinto, também direto de Washington e nela ele diz o seguinte: Talento não é o forte do Washington. Ele até tem, coisa que muitas brasileiras poderiam comprovar se voltassem décadas no tempo e descobrissem que, quando escolheram o primeiro sutiã, estavam convencidas de que era não só uma peça íntima, mas um marco importante na vida delas. Uma autoconfiança monumental é necessária para traçar um arco narrativo entre lingerie e rito de passagem...sem nunca ter usado sutiã. Mas essa é a prova da confiança inesgotável do Washington, aquilo que de alguma forma ele colheu nos arquivos da família Olivetto, nos filmes que viu, no livros e gibis que leu, nos aprontos da adolescência...e que produziu fina esperteza, bom gosto, noção estética...
Isso deu a ele a certeza (sempre absoluta) de que dá para fazer...melhor. O quê? Não importa. Fundar uma agência de publicidade...Outra...E outra. Bolar campanhas engraçadinhas. Ou seríssimas. Mudar o tom da propaganda brasileira, misturando sofisticação com provocação. E a isso somar alguns "a mais": o Washington respeita e credita o trabalho dos outros. Admira o que é de admirar. É generoso por índole, vocação e educação. E sempre manteve o ego na coleira.
Claro, o Washington sendo o Washington, a coleira muitas vezes foi solta demais. Porém, por bons motivos: para não dar mole à falsa modéstia ou...para chutar um pouco o pau da barraca, o que também tem o seu lugar...Na antiga W/Brasil, ele providenciou um enorme quadrado de vidro. Grande o suficiente para colocar lá um pequeno carro. Jogados, literalmente jogados dentro, havia Clios, Leões de Ouro, prêmios de Profissional do Ano. Fazer um monumento irônico ao próprio sucesso exige convencimento. Mas exige primeiro que o convencido tenha feito sucesso.
São as complexidades do Washington, que extrapolam a experiência, o brilho. Vêm do coração. Ele é um privilegiado intelectual, um dândi do consumo e, no entanto, conversa (de repente arma encrenca?) em qualquer padaria da esquina. Ele permanece o garota da Lapa, com a mensagem aguda que usou para invadir o Olimpo dos Jardins em Sampa, só querendo saber o que - quem? - levantar - ou deixar na poeira.
A tortura que foi o sequestro do Washington teve um desfecho marcante. Quando os sequestradores saíram momentaneamente da casa onde ele era refém, a música constante, capaz de enlouquecer qualquer ser humano, de repente parou de tocar na minúscula cela em que ele estava. É que a luz tinha acabado. Fazendo uma alavanca com as costas e os pés, o Washington forçou uma fresta na parede, suficiente para a vizinha, estudante de medicina, ouvir com um estetoscópio (pessoa esperta!) a frase maluca do Olivetto: "Chamem as rádios!"
Quantos de nós não teríamos ficado quietos, medrosos naquela cela, apavorados com as consequências de tentar escapar? Mas, quieto, O Washington nunca foi. Ele quis as rádios, mais imediatas que a TV, mais emocionantes que as redes sociais. E assim, literalmente, ganhou a própria liberdade.
Chamem as rádios...Como catz isso passa pela cabeça de alguém depois de 52 dias e 23 horas sob o risco de perder a vida? Passa pela Cabeça de quem tem coração, o primeiro ingrediente da coragem. O que me remete ao início. Talento não é o forte do Washington. Correção é. Ah, acho que eu tenho que falar do livro...É um sarro. As histórias são imperdíveis, vão preencher vários vazios da sua própria história. Divirta-se. Na única e melhor máquina do tempo criada pela humanidade, o livro, você terá o Washington só para você, como eu tenho: um grande, grande amigo.
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